segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Ó sino da minha aldeia - Fernando Pessoa


Segue um breve e belo poema do maior poeta lusófono desde Camões.


Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro de minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.


Um comentário:

@fucknmary disse...

Muito bonita, a poesia.
Vi o link em uma comunidade do orkut, parabéns pelo blog, é um grande incentivo à leitura.
Tentarei passar por aqui sempre que possível.
Beijos.